sexta-feira, 6 de maio de 2011

A Dama do Vermelho


 
Ao som da sirene e com o gloss no porta luvas, assim começa mais um dia de uma motorista um tanto quanto diferente.

Bárbara Batista, Bruno Menezes, Cica Alfer, Jaqueline de Paula

Minha meta é o corpo de bombeiros”, afirma Thaís Andrade, 25, com um sorriso no rosto mesmo após mais um dia de maratona, a única representante do sexo feminino condutora do SAMU (Sistema de atendimento Municipal de Urgência) em BH e região metropolitana.
Ex-moradora de Brasília e atualmente morando em Ouro Preto, a dama do vermelho relata que sofreu um acidente doméstico quando ainda era criança e seu irmão ficou parcialmente queimado. Os dois foram socorridos por um vizinho bombeiro, fato que despertou sua vontade de ser integrante dos bombeiros, hoje este é o maior sonho.
A socorrista conta como é difícil lidar com os tabus impostos pela sociedade no dia a dia, “Por muitas vezes os motoristas não me dão passagem com a ambulância, por notarem que sou mulher, o que dificulta ainda mais o meu trabalho”.
A vaidade
Meu carro é vermelho, não uso espelho para me pentear”, Thaís que dirige a ambulância vermelha do SAMU se mostra muito vaidosa. Com vários brincos, anéis e unhas sempre bem feitas, Andrade diz que cantadas são normais em sua rotina e que o preconceito também é constante, mas que ela lida com muito jogo de cintura e prefere não levar essas brincadeiras a sério.
A carreira
O start na carreira não foi fácil, Thaís teve que fazer diversos cursos como: Primeiros socorros, direção defensiva e cursos do próprio SAMU. Contrariando a opinião de quem achava que ela não fosse conseguir se manter na profissão, a motorista que sempre gostou de carros, está no cargo há um ano. Com uma pitada de bom humor, e muita força de vontade, ela conta: “o terreno irregular e as ruas estreitas de Ouro Preto dificultam nossa acessibilidade às ocorrências”.
A rotina de um profissional desta área é pesada, são muitos atendimentos por dia em diferentes locais da cidade. Em Ouro Preto existe um fator que complicada ainda mais, a distância da cidade ao hospital referência em urgência e emergência é de 100km. O Hospital João XXIII recebe vítimas de todos os tipos de acidentes em Belo Horizonte e região.


A jornada de trabalho de um condutor socorrista é de 12 por 36 horas, podendo chegar ao limite máximo de 36 horas trabalhadas sem interrupção. Dores no corpo são normais, segundo Thaís, o esforço para carregar macas é muito grande e que não é raro quebrar o dedo indicador durante os atendimentos. Para aliviar o estresse no fim do dia, a receita é “tomar um bom banho e depois ir para o colo dos pais”, diz.
A vida sem o macacão
Se não estou no horário de trabalho e alguém me procura para pedir socorro, chego a desmaiar quando vejo sangue”, a dama do vermelho brinca que sua coragem encerra junto com o expediente.

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